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Histórias de viagens ilustradas com fotografias

sábado, 26 de junho de 2010

Chaves - A rota da água, parte 3

Carvalhelhos, Rio Beça e Rio Terva

Dei por concluída a minha visita à cidade de Chaves, não fosse ter mais surpresas com privatizações de espaços que deveriam ser públicos. Tenho perfeita noção de que não conheço quase nada da cidade, mas para uma visita de dois dias apenas o essencial estava feito. Conhecê-la mais em pormenor será caso para uma visita mais prolongada. Por agora queria ocupar o tempo com aspectos mais paisagísticos e em que o tema dominante fosse a água.
Já tinha tido um primeiro contacto que bastante me agradou, toda a zona envolvente da ponte romana.

O destino agora ia ser Carvalhelhos. Quando parti do Porto, o plano da viagem era apenas este: ir em direcção a Chaves, dormir lá e voltar no dia seguinte. Tudo o que acontecesse durante o caminho ia ser fruto das circunstancias e da inspiração do momento.

Durante o trajecto, e enquanto pensava em potenciais locais para visitar vieram-me à mente Vidago e Pedras Salgadas, que sabia ficarem aqui perto. A ida a Carvalhelhos surgiu por acaso quando reparei numa placa na A24 que a indicava; nem sabia que ficava nesta zona.
Guardei as idas a Vidago e a Pedras Salgadas para o dia seguinte, durante o regresso.

Saí então da cidade em direcção à A24, andei cerca de 10km e voltei a encontrar a saída para Carvalhelhos. Estava sinalizada por uma bela placa de um azul reluzente, tipo placa turística, com indicação do destino e sem menção a quilometragem.
Vai ser fácil, pensei eu, e perto, pois nem tem indicação da distância, deve ser já ali.
Mais de 20km depois, sem ter ainda chegado ao destino pensava eu para com os meus botões: “Mas por que raio é que eu continuo a deixar-me influenciar pelas aparências? Irra, que nunca mais aprendo...”.

Pois é, a placa na saída da autoestrada de tão bonita que era deve ter consumido o orçamento todo e não houve dinheiro para colocar mais nenhuma.
Muitos quilómetros mais à frente tive que fazer uma paragem para perguntar o caminho. Até aí tinha passado por vários cruzamentos mas seguindo aquela máxima de que “em frente é que é o caminho” lá fui prosseguindo mesmo sem ter a certeza absoluta de que estava na direcção certa. Até que cheguei a um ponto em que o “em frente” eram quatro ou cinco placas com nomes mas nenhum deles Carvalhelhos e o “à esquerda”, a outra opção disponível eram também mais quatro ou cinco placas com outros tantos nomes mas nenhum deles o desejado.

Tanta placa junta fez-me pensar que aquele cruzamento devia ser importante naquela zona e vai daí resolvi parar e procurar a quem perguntar.
Estava numa localidade chamada Sapiães. É claro que quem é sapião sabe como ir para Carvalhelhos e muito mais e não precisa de placa nenhuma, quem não é sapião tem de perguntar.
Foi-me indicado o caminho da esquerda o que contradiz a velha máxima de orientação dos perdidos.

Mais alguns quilómetros e nova paragem. Desta vez estava em Boticas. Boticas, no contexto daquela região era uma terra importante. Os bons e velhos cruzamentos nas estradas tipo faroeste que tinha percorrido até aí, deram lugar a modernas e evoluídas rotundas, infelizmente sem placas que indicassem o meu destino. Tive que voltar a perguntar.

Por minha sorte, a habitante de Boticas a quem fiz a pergunta tinha muito mais sapiência do que a anterior residente em Sapiães que me tinha indicado o caminho.
Quando eu disse que queria ir para Carvalhelhos mas os cruzamento não tinham placas a indicar, obtive a seguinte resposta: “têm sim, o senhor agora volta atrás até àquela rotunda e segue as placas que dizem “Estalagem”, é a Estalagem das Termas de Carvalhelhos.”.

Ah!

Recordo-me vagamente de que no cruzamento de Sapiães uma das muitas placas teria a indicação “Estalagem”.
Sou mesmo burro, nem sabia que em sapianês e em botiquês “Estalagem” significa “Carvalhelhos”.
Se alguma vez for a Mirandela que até é aqui perto, terei que aprender mirandês primeiro, para evitar ignorâncias destas.
Mesmo as placas a dizer Estalagem esgotaram-se ao fim de duas rotundas o que obrigou ainda a uma terceira pergunta. Felizmente estava no caminho certo e faltava apenas cerca de 1km.

E pronto, eis-me em Carvalhelhos. Com tantas peripécias gastei quase toda a meia tarde que tinha desde que saí de Chaves, e ainda só estava na ida. No regresso estavam pensadas várias paragens em algumas linhas de água interessantes que tinha visto durante o caminho.
Não gosto de fotografar com o sol a pino, a ausência de sombras estraga as fotografias, na minha opinião. Apesar de ser meio da tarde o sol estava ainda bastante alto, por isso deixei as paragens e as fotos para mais tarde.

Mesmo assim durante a ida ainda tirei algumas fotos à paisagem circundante incluindo um “Monte com a Lua” (não confundir com Monte da Lua (Sintra)) que me deu algum trabalho pois fiz várias paragens e vários disparos até ter uma foto que me agradasse.



Carvalhelhos em si pouco tem para ver além das termas que nem sequer descobri se estavam abertas ou fechadas. Mesmo assim deu para tirar algumas fotos interessantes.


As paragens na volta aconteceram nos rios Beça e Terva. O rio Beça tem uma interessante ponte antiga, que se não é do tempo dos romanos deve andar lá perto. Após algumas pesquisas na net descobri que lhe chamam “ponte da pedrinha” mas não consegui encontrar nada que me permitisse datá-la. Fiquei ainda na dúvida se ponde da pedrinha é a ponte propriamente dita ou uma espécie de passadiço em pedra, poucos centímetros acima dó nivel do rio e que fica mesmo ao lado da ponte. Este passadiço tem aspecto de ser ainda mais antigo.



Junto à estrada existe um fontanário. Devido aos maus hábitos que a sociedade nos incute, mesmo inconscientemente, a minha primeira reacção foi olhar em volta a ver se havia alguma placa informando se a água era potável ou não. Como se ali fosse necessário. Mesmo sem placa bebi, e se não fosse potável eu não estaria aqui a escrever.



Uns quilómetros mais à frente, de novo o rio Terva, com um pequeno açude junto à ponte que o atravessa. Na ânsia jornalística de bem fotografar toda a paisagem quase caia dentro de água. E a culpa seria minha, claro. Primeiro porque eu é que fui até perto da água e não o contrário, segundo porque as escorregadias ervas que ali estavam muito descansadinhas a cobrir o chão não têm culpa que eu vá para o campo com os sapatos de andar na cidade.
Duas nódoas negras depois já estava de novo pronto para continuar a reportagem.


1 comentário:

  1. Boa noite amigo. Seria possível enviar-me a morada da ponte do Rio Terva

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