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Histórias de viagens ilustradas com fotografias

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Na rota de estrelas e planetas


Era uma jornada dupla e foi um duplo fracasso. Era noite de Lua cheia, uma Super Lua, e por ser o último sábado do mês (de Agosto) havia também as Noites no Observatório (Astronómico de Lisboa).
Nem uma coisa nem outra correram bem. A Lua podia ser super, mas com nuvens à frente não há nada a fazer. Havia a possibilidade de esperar que subisse acima das nuvens que por sinal estavam apenas junto ao horizonte, embora neste caso o tamanho aparente diminuísse bastante, mas o inconveniente principal era o tempo.
Sim, precisava de tempo para dar de jantar à Rafaela e chegar a tempo ao Observatório Astronómico da Ajuda, não fosse ficar com o nome na lista negra. Tive portanto que abandonar o meu posto de observação junto ao rio Tejo.


À boa maneira portuguesa a burocracia é um empecilho para tudo. Dizem que têm tido muita afluência de público, dizem que têm tido muitas desistências, dizem que muitas pessoas não informam das desistências, dizem que há um número limite de lugares na sala. Então toca a enviar emails atrás de emails, para confirmar a presença, para reconfirmar a presença, emails para responder, outros para clicar em links que vão ter a páginas onde se faz não sei o quê, como se fossemos todos delinquentes obrigados a apresentações periódicas às autoridades.
No meio de tanta treta alguma coisa falhou, o link onde clicava conduzia a lado nenhum, e lá tive de ligar, sendo a minha inscrição confirmada como se fosse um grande favor que me estavam a fazer.
Por este motivo não queria mesmo falhar a presença.


Enfim, depois do jantar lá fomos nós à procura do observatório. Era a primeira vez que lá ia e procurar coisas à noite e de carro não é o meu forte. Tinha visto a localização no mapa, sabia onde era, mas há sinais de proibição que às vezes com a escuridão não se vêm bem…

Chegados lá veio a segunda decepção. O que eu queria, e principalmente o que a Rafaela queria era espreitar por telescópios.
E pensava eu que a tal observação fosse acompanhada de algumas explicações. Tive azar com o dia, ou com a noite. Estavam lá de facto três telescópios, mas como era noite de Lua cheia adivinhem para onde estavam virados. Acertaram, estavam virados para a Lua cheia.
Mas o que levou aquelas pessoas todas (e eram muitas) ao observatório era uma “palestra”. A dessa noite era sobre as extinções em massa.

Tal como toda a gente sabe, as leis quando são feitas não são para todos. Quando interessa à puta da moral vigente, há logo restrições no caso de espectáculos públicos. Se houver um filme com umas mamas de fora, vem logo a comissão da puta que os pariu informar que é só para maiores de x anos. Quando não lhes interessa não há a obrigatoriedade de informar nada. Custava muito àquelas bestas informar que a palestra tem x horas de duração (eu estive lá quase uma hora e aquilo ainda ia nos preâmbulos), que consiste num tipo a falar sobre gráficos projectados numa parede, e que portanto não é adequado para crianças?

Hora de regressar depois de tanto tempo perdido. Regressar e a pé até à Calçada da Tapada, porque aqueles ladrões ainda queriam cinco euros para entrar com o carro na faculdade de agronomia.


Como um mal nunca vem só, no dia seguinte cometi um erro básico que ainda hoje estou para perceber como foi.
Um dia depois da Lua cheia é Lua quase cheia, pensei eu, e resolvi ir fotografá-la para o meu segundo posto de observação de luas favorito, o miradouro de Santa Eufémia. Só que… enganei-me nas horas. Devo ter visto na net a hora do nascer da Lua em Timbuctu.
Nem as fotos se aproveitaram. Aqui ficam algumas e as restantes estão na minha página webPicasa.
https://picasaweb.google.com/104016268436238696301/201508NaRotaDeEstrelasEPlanetas