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Histórias de viagens ilustradas com fotografias

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Chaves - A rota da água, parte 1

A viagem até Chaves

21-06-2010

8H da manhã. Para não variar, toca o despertador. Tal como nos restantes trezentos e sessenta e quatro dias do ano. Para mim, não serve de nada. Para ele, o despertador, serve para se manter em actividade, não se tornar preguiçoso e sobretudo não enferrujar. Seria uma chatice se tivesse que comprar outro.

8H50 da manhã. O corpo finalmente levanta-se da cama. Hoje foi quase de madrugada. Também, tinha mesmo que ser, havia cento e sessenta quilómetros para percorrer e não estava ainda nada preparado.

Não são precisos grandes preparativos para passar apenas uma noite fora, por isso o tempo gasto não foi muito. O que me levou mais tempo foi encontrar uma loja que tivesse pilhas para a máquina fotográfica.

Não ia ser só uma viagem a Chaves, ia ser também uma viagem ao passado. Passados quatro ou cinco anos ia voltar a usar a máquina de rolos. Que até já tinha um rolo lá dentro e tudo, sabe-se lá com quantos anos.

A máquina, uma Minolta reflex estava à vários anos arrumada a um canto e sem uso. Já tinha pensado várias vezes em desfazer-me dela, vendendo-a.

Eis senão quando, na sexta-feira passada fui a uma exposição de pintura, onde conheci o Luís Reina, pintor e fotógrafo, que conseguiu fazer com que tivesse novamente vontade de usar a máquina analógica.
Vieram-me à cabeça também algumas conversas que tenho tido ultimamente com o António Serralheiro, amigo de longa data, e as visitas que tenho feito ao seu blog fotográfico, o que mais ajudou a tomar a decisão de voltar a usar a Minolta.
O primeiro passo está dado. Vamos a ver agora o que diz o porta moedas, o meu ministro das finanças particular.

A partida, que estava marcada para “o mais cedo possível”, o que quer que isso seja, aconteceu por volta das 11H20. Não é mau, já vi casos piores.
O caminho não tinha nada que enganar: A3, A7, A11, A24, A Tchim, tanto A até me faz alergia nos neurónios.

A primeira paragem aconteceu em Guimarães, para almoçar. Tive que sair da A7 e procurar algum sítio para comer. Está fora de questão comprar algum coisa nas áreas de serviço das autoestradas com os preços exorbitantes que pedem, um autêntico roubo, na minha opinião.
Vai um cafézinho e muito de vez em quando.
Quem compra coisas nas áreas de serviço são os Egas Monizes dos tempos modernos. Em vez de levarem a corda ao pescoço, levam a carteira na mão e dizem: “Aqui estou eu, peçam o que quiserem pelos vossos produtos que eu dou!”. Eu não tenho jeito para Egas Moniz, prefiro ser D. Quixote.

A segunda paragem aconteceu já perto de Vila Pouca de Aguiar. Contradizendo tudo o que acabei de escrever, parei na área de serviço de Alvão para tomar café.

Até à zona de Fafe na A7, a paisagem não tinha nada de especial. Bonita sem dúvida, com muitas subidas e descidas, algumas encostas mais escarpadas, outras menos, mas sempre com muita presença humana por todos os lados, sobretudo os muitos cabeços enfeitados com cabelos rodopiantes, também conhecidos por geradores eólicos.

A partir de Fafe a paisagem foi-se modificando para melhor, começou a aparecer a força bruta, onde as pedras foram gradualmente substituindo as árvores e as encostas se foram tornando mais abruptas. Deve haver por estes lados muitos sítios onde a mão do homem nunca pôs o pé.

Para esta mudança muito contribuiu o aparecimento da Serra de Alvão do lado direito, a qual se estende quase até Vila Pouca de Aguiar. Por estes lados voltam a aparecer ventoinhas com fartura.
Pelo lado esquerdo também se avista uma serra ao longe, mas não a consigo identificar no meu mapa.
A julgar pelo mapa, a Serra da Cabreira parece demasiado distante, não sei mesmo se será visível da A7. Em contrapartida, os montes que vi, embora distantes, não pareciam assim tão distantes. O que me parece estranho, pois quando foi impresso aqueles montes já estavam construídos de certeza.

Em Vila Pouca de Aguiar deixa-se a A7 e entra-se na A24. É só uma mudança de nome porque os montes e vales continuam os mesmos. Melhor dizendo, são outros mas com a mesma beleza.
Há uma outra mudança, é que a A24 é uma SCUT. Uma SCUT, perceberam bem? Sabem o que isso é? Ainda se lembram? Não me considero velho, mas ainda sou do tempo em que havia SCUT's.

O fim da viagem está próximo. Mais uns quilómetros e avista-se a placa que sinaliza o local onde se sai da A24 em direcção à cidade de Chaves.

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