Não, não são os motivos que me levaram a fazer esta viagem, mas sim os Cafés Motivos, dos quais arranjei alguns pacotes de açúcar algures em Britiande. Tinha apenas um na minha colecção, mas agora fico com alguns para troca.
Quanto à viagem, apesar do destino ter sido Tarouca, o que a motivou foi a ponte de Ucanha, da qual vi umas imagens na net e fiquei com vontade de a fotografar.
Eu gosto de águas porque separam, e gosto de pontes porque unem. Parece contradição, e se calhar até é. Ainda bem.
Após alguma pesquisa, encontrei várias outras coisas de interesse no concelho de Tarouca incluindo outras pontes, e resolvi preparar a viagem. Ucanha é uma freguesia pertencente ao concelho de Tarouca, que é cidade desde 2004. Inicialmente tinha pensado ficar em Tarouca uma noite, mas em apenas um dia visitei quase todos os locais que compunham a minha lista, e por outro lado a vontade de lá ficar não era muita, de modo que ao fim do dia arrumei as malas e iniciei a viagem de regresso.
O texto que vou apresentar vai seguir uma ordem temática e não cronológica, e o primeiro tema é:
Pontes
As pontes que visitei cruzam todas o rio Varosa.
Ucanha
O conjunto da ponte e da sua torre, em Ucanha, terá sido construído no séc. XII. A ponte servia de entrada ao couto cistercense do Mosteiro de Salzedas, e a torre servia para a cobrança de um tributo ou portagem.
Alguns autores sustentam que a construção não terá sido simultânea, sendo a ponte mais antiga do que a torre.
O espírito portageiro em Portugal parece ser genético e já vem de longe. Convém lembrar que o portageiro-mor dos tempos actuais nasceu no distrito contíguo de Vila Real (este em que estamos é Viseu). Uma questão hereditária, portanto.
Em 1315 um documento régio estipula a obrigatoriedade de passagem na ponte e o pagamento da respectiva portagem.
Em 1324 há uma tentativa de D. Dinis de isentar de portagem os moradores de Castro Rei, porém devido à oposição dos monges de Salzedas tal tentativa não teve sucesso.
Se substituirmos “monges de Salzedas” por “PSD” e “moradores de Castro Rei” por “moradores uma localidade qualquer situada nas imediações de uma qualquer SCUT”, poderíamos estar na presença de uma notícia actual e não de uma história do tempo do feudalismo.
Em 1465 D. Fernando Abade de Salzedas procede a obras na ponte e na torre, acrescentando dois pisos. A torre ficou assim com três pisos e com a sua altura actual.
Em 1504 D. Manuel I concede carta de foral ao Couto de Salzedas, eleva Ucanha a vila e extingue definitivamente as portagens na ponte.
Por sorte estava alguém no pequeno quiosque turístico em Ucanha e foi possível visitar a torre por dentro.
Vila Pouca de Salzedas
Vila Pouca, apesar do nome é apenas um lugar, quase desertificado, na freguesia de Salzedas, essa sim, elevada a vila. A ponte dizem ser de origem romana embora a arquitectura actual seja românica, e para lá chegar é preciso percorrer um caminho um bocado longo e bastante íngreme.
S. João de Tarouca
A ponte é românica.
Mondim da Beira (Mondim de Baixo)
Ponte também de origem românica. Das quatro que visitei, é a única que permite o atravessamento a automóveis. Junto à ponte existe uma praia fluvial.
Ponte e torre de Ucanha
Torre e ponte de Ucanha
Torre e ponte de Ucanha
Ponte de Mondim de Baixo
Rio
O rio Varosa nasce na serra da Nave, no concelho de Moimenta da Beira, tem cerca de 45km de comprimento, corre de sul para norte e desagua no Rio Douro, perto da Régua. A seguir a Lamego tem uma pequena barragem para aproveitamento hidroeléctrico.
O rio em Ucanha
O rio em Ucanha
O rio em Ucanha / O rio emVila Pouca
O rio em Vila Pouca
O rio Varosa nasce na serra da Nave, no concelho de Moimenta da Beira, tem cerca de 45km de comprimento, corre de sul para norte e desagua no Rio Douro, perto da Régua. A seguir a Lamego tem uma pequena barragem para aproveitamento hidroeléctrico.
O rio em Ucanha
O rio em Ucanha
O rio em Ucanha / O rio emVila Pouca
O rio em Vila Pouca
O rio em Vila Pouca
O rio em Vila Pouca / O rio em S. João de Tarouca
O rio em S. João de Tarouca
O rio em Mondim de Baixo
Arco de Paradela
Embora não seja um pelourinho, este monumento é um marco, e por isso resolvi incluí-lo nesta secção.
Trata-se de um arco memorial do séc. XII ou XIII, de granito, de volta inteira. Segundo fontes bibliográficas existiam inicialmente três arcos, desaparecendo dois com o passar dos anos.
Conta-se que quando o corpo de D. Pedro Conde de Barcelos estava a ser levado de Lalim para o Mosteiro de S. João de Tarouca onde iria ser sepultado, parou neste local, e em memória disso ali se ergueram estes arcos.
Há contudo autores para quem estes arcos são um marco monumental erguidos para demarcar o limite do couto do Mosteiro de S. João de Tarouca e outros que referem tratar-se de um monumento funerário construído para túmulo de Diogo Anes, que em 1175 era o proprietário do terreno.
O topónimo paradela tem um sentido topográfico, uma subida difícil no cimo da qual se pode parar para descansar.
Pelourinho de Ucanha
O rio em Vila Pouca / O rio em S. João de Tarouca
O rio em S. João de Tarouca
O rio em Mondim de Baixo
Pelourinhos
Encontrei os seguintes pelourinhos:
Ucanha
Salzedas
Mondim de Cima
Os roteiros referem um pelourinho em Mondim de Cima (*), mas eu encontrei dois, o segundo dos quais mesmo em frente à sede da Junta de Freguesia local. Ou aquilo apenas parece um pelourinho sem o ser, ou então eu fui o primeiro navegador a descobri-lo. E sem barco.
Encontrei os seguintes pelourinhos:
Ucanha
Salzedas
Mondim de Cima
Os roteiros referem um pelourinho em Mondim de Cima (*), mas eu encontrei dois, o segundo dos quais mesmo em frente à sede da Junta de Freguesia local. Ou aquilo apenas parece um pelourinho sem o ser, ou então eu fui o primeiro navegador a descobri-lo. E sem barco.
(*) Recebi na caixa de comentários a seguinte correção: "Uma das fotos que diz ser um pelourinho de Mondim da Beira, não o é. É uma construção de 1940 comemorativa dos 300 anos da restauração de Portugal. Existem outros dois semelhantes na sede do concelho, Tarouca, um junto ao edifício da Câmara Municipal e outro no morro de Alcácima no meio da cidade" . Obrigado ao António Santos.
Arco de Paradela
Embora não seja um pelourinho, este monumento é um marco, e por isso resolvi incluí-lo nesta secção.
Trata-se de um arco memorial do séc. XII ou XIII, de granito, de volta inteira. Segundo fontes bibliográficas existiam inicialmente três arcos, desaparecendo dois com o passar dos anos.
Conta-se que quando o corpo de D. Pedro Conde de Barcelos estava a ser levado de Lalim para o Mosteiro de S. João de Tarouca onde iria ser sepultado, parou neste local, e em memória disso ali se ergueram estes arcos.
Há contudo autores para quem estes arcos são um marco monumental erguidos para demarcar o limite do couto do Mosteiro de S. João de Tarouca e outros que referem tratar-se de um monumento funerário construído para túmulo de Diogo Anes, que em 1175 era o proprietário do terreno.
O topónimo paradela tem um sentido topográfico, uma subida difícil no cimo da qual se pode parar para descansar.
Pelourinho de Ucanha
Pelourinho de Ucanha / Pelourinho de Salzedas
Pelourinho de Salzedas / Pelourinho de Mondim de Cima
Pelourinho de Mondim de Cima
Pelourinho de Mondim de Cima / Arco de Paradela
Mosteiros
Mosteiro de Salzedas
As ruínas do que resta do Mosteiro de Salzedas encontram-se pegadas à actual Igreja. Estas duas construções devem-se a D. Teresa Afonso, segunda mulher de Egas Moniz.
(Olha, afinal nestes tempos remotos já se casavam mais do que uma vez, e seguramente pela igreja, visto que não havia ainda certamente o registo civil).
Embora se diga que o mosteiro foi fundado em 1167, a verdade é que há uma carta de D. Afonso Henrique datada de 1163 pela qual doa o couto de Algeriz a Teresa Afonso, para que esta por sua vez o ofereça ao mosteiro de Salzedas (o mosteiro foi construído no local denominado Abadia Velha) pelo que já haveria um mosteiro anteriormente.
D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques viveu algum tempo em Salzedas, tendo como aia de seu filho ainda infante, Teresa Afonso.
(Interessante. Por isto se vê que o compadrio é também hereditário).
O que resta do mosteiro e a actual igreja devem ser obra dos séculos XVI a XVIII, pois devido às reconstruções sofridas ao longos dos tempos, já nada resta das construções originais.
Mosteiro de S. João de Tarouca
Segundo reza a história D. Afonso Henrique lançou em 1152 a primeira pedra deste mosteiro no regresso da batalha de Trancoso. Foi construído no local de um antigo eremitério e tornou-se no primeiro mosteiro cistercense em Portugal.
Foi vitima das invasões francesas e do liberalismo (e também do facto de se encontrar em Portugal), e está em avançado estado de degradação.
Mosteiro de Salzedas
As ruínas do que resta do Mosteiro de Salzedas encontram-se pegadas à actual Igreja. Estas duas construções devem-se a D. Teresa Afonso, segunda mulher de Egas Moniz.
(Olha, afinal nestes tempos remotos já se casavam mais do que uma vez, e seguramente pela igreja, visto que não havia ainda certamente o registo civil).
Embora se diga que o mosteiro foi fundado em 1167, a verdade é que há uma carta de D. Afonso Henrique datada de 1163 pela qual doa o couto de Algeriz a Teresa Afonso, para que esta por sua vez o ofereça ao mosteiro de Salzedas (o mosteiro foi construído no local denominado Abadia Velha) pelo que já haveria um mosteiro anteriormente.
D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques viveu algum tempo em Salzedas, tendo como aia de seu filho ainda infante, Teresa Afonso.
(Interessante. Por isto se vê que o compadrio é também hereditário).
O que resta do mosteiro e a actual igreja devem ser obra dos séculos XVI a XVIII, pois devido às reconstruções sofridas ao longos dos tempos, já nada resta das construções originais.
Mosteiro de S. João de Tarouca
Segundo reza a história D. Afonso Henrique lançou em 1152 a primeira pedra deste mosteiro no regresso da batalha de Trancoso. Foi construído no local de um antigo eremitério e tornou-se no primeiro mosteiro cistercense em Portugal.
Foi vitima das invasões francesas e do liberalismo (e também do facto de se encontrar em Portugal), e está em avançado estado de degradação.
Igreja de Salzedas
Mosteiro de Salzedas
Mosteiro de Salzedas
Mosteiro de Salzedas
Mosteiro de Salzedas / Mosteiro de S. João de Tarouca
Mosteiro de S. João de Tarouca
Mosteiro e igreja de S. João de Tarouca
Mosteiro e igreja de S. João de Tarouca
Mosteiro e igreja de S. João de Tarouca
Ucanha
Ucanha / Salzedas (Murganheira)
Salzedas (Murganheira)
Salzedas (Murganheira) / Vila Pouca
Vila Pouca / Arco de Paradela
Arco de Paradela
Britiande / Ansiães (IP4)
Ansiães (IP4)
Casa em Ucanha
Porta da Torre / Casa em Ucanha
Casas em Ucanha
Casas em Ucanha
Casas em Ucanha
Casa em Salzedas / Mosteiro de Salzedas
Mosteiro de S. João de Tarouca
Mosteiro de S. João de Tarouca / Casa em S. João de Tarouca
Sister Moonshine
Para terminar, e aproveitando o facto de a lua brilhar sobre a minha cabeça, aqui fica uma pequena lembrança desta bela música dos Supertramp, pertencente ao álbum Crisis? What crisis?
Pelourinho de Ucanha / Igreja de Salzedas
Para terminar, e aproveitando o facto de a lua brilhar sobre a minha cabeça, aqui fica uma pequena lembrança desta bela música dos Supertramp, pertencente ao álbum Crisis? What crisis?
Pelourinho de Ucanha / Igreja de Salzedas
Pelourinho de Mondim de Cima / S. João de Tarouca
Ponte de S. João de Tarouca (esta tive que me deitar no chã0) / Arco de Paradela
Fontes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tarouca
http://www.cm-tarouca.pt/
http://tarouca.com.sapo.pt/index.htm
http://salzedas.no.sapo.pt/abve.htm
Arco de Paredela / Ansiães (IP4)
Fontes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tarouca
http://www.cm-tarouca.pt/
http://tarouca.com.sapo.pt/index.htm
http://salzedas.no.sapo.pt/abve.htm
Interessante. Afinal também gostas de história(s)!
ResponderEliminarAs fotos dos pormenores estão muito giras, sobretudo as das portas (e das portas para ratos????)
Continua.
Ana
Eu não gosto de histórias, eu sou a história, constantemente reinventada, escrita e representada ao vivo e a cores no grande palco da vida, e não apenas ouvida no conforto de uma poltrona de camarote a actores que se limitam a reproduzir velhos dogmas criados com o intuito de perpetuar o controlo dos que mandam sobre os que obedecem.
ResponderEliminarQuanto às portas para ratos, oh ignorancia dos habitantes das cidades, a explicação pode ser vista neste link:
http://arquitecturadouro.blogspot.com/2009/05/gateira-em-ucanha.html
Continua (a comentar)
Emanuel o Pensador
Paulinho
ResponderEliminarAcho que quando me apetecer viajar pelo nosso remoto Portugal, venho ao teu blog. Temos coisas tão lindas. E tu partilhas isso connosco. Obrigada e parabéns. Afinal as amizades (velhas, novas, assim assim), têm boas influências nas pessoas. Até influenciam no clicar duma máquina fotográfica...
Beijinhos
Uma das fotos que diz ser um "pelourinho de Mondim da Beira, não o é. É uma construção de 1940 comemorativa dos 300 anos da restauração de Portugal. Existem outros dois semelhantes na sede do concelho, Tarouca, um junto ao edifício da Câmara Municipal e outro no morro de Alcácima no meio da cidade.
ResponderEliminarSó hoje vi o seu comentário, obrigado pela correcção, vou emendar o texto.
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