Era uma jornada dupla e foi um duplo
fracasso. Era noite de Lua cheia, uma Super Lua, e por ser o último sábado do
mês (de Agosto) havia também as Noites no Observatório (Astronómico de Lisboa).
Nem uma coisa nem outra correram bem. A Lua
podia ser super, mas com nuvens à frente não há nada a fazer. Havia a
possibilidade de esperar que subisse acima das nuvens que por sinal estavam
apenas junto ao horizonte, embora neste caso o tamanho aparente diminuísse bastante,
mas o inconveniente principal era o tempo.
Sim, precisava de tempo para dar de jantar
à Rafaela e chegar a tempo ao Observatório Astronómico da Ajuda, não fosse
ficar com o nome na lista negra. Tive portanto que abandonar o meu posto de
observação junto ao rio Tejo.
À boa maneira portuguesa a burocracia é um
empecilho para tudo. Dizem que têm tido muita afluência de público, dizem que
têm tido muitas desistências, dizem que muitas pessoas não informam das
desistências, dizem que há um número limite de lugares na sala. Então toca a
enviar emails atrás de emails, para confirmar a presença, para reconfirmar a
presença, emails para responder, outros para clicar em links que vão ter a
páginas onde se faz não sei o quê, como se fossemos todos delinquentes
obrigados a apresentações periódicas às autoridades.
No meio de tanta treta alguma coisa falhou,
o link onde clicava conduzia a lado nenhum, e lá tive de ligar, sendo a minha
inscrição confirmada como se fosse um grande favor que me estavam a fazer.
Por este motivo não queria mesmo falhar a
presença.
Enfim, depois do jantar lá fomos nós à
procura do observatório. Era a primeira vez que lá ia e procurar coisas à noite
e de carro não é o meu forte. Tinha visto a localização no mapa, sabia onde
era, mas há sinais de proibição que às vezes com a escuridão não se vêm bem…
Chegados lá veio a segunda decepção. O que
eu queria, e principalmente o que a Rafaela queria era espreitar por
telescópios.
E pensava eu que a tal observação fosse
acompanhada de algumas explicações. Tive azar com o dia, ou com a noite.
Estavam lá de facto três telescópios, mas como era noite de Lua cheia adivinhem
para onde estavam virados. Acertaram, estavam virados para a Lua cheia.
Mas o que levou aquelas pessoas todas (e
eram muitas) ao observatório era uma “palestra”. A dessa noite era sobre as
extinções em massa.
Tal como toda a gente sabe, as leis quando
são feitas não são para todos. Quando interessa à puta da moral vigente, há
logo restrições no caso de espectáculos públicos. Se houver um filme com umas
mamas de fora, vem logo a comissão da puta que os pariu informar que é só para
maiores de x anos. Quando não lhes interessa não há a obrigatoriedade de informar
nada. Custava muito àquelas bestas informar que a palestra tem x horas de
duração (eu estive lá quase uma hora e aquilo ainda ia nos preâmbulos), que
consiste num tipo a falar sobre gráficos projectados numa parede, e que
portanto não é adequado para crianças?
Hora de regressar depois de tanto tempo
perdido. Regressar e a pé até à Calçada da Tapada, porque aqueles ladrões ainda
queriam cinco euros para entrar com o carro na faculdade de agronomia.
Como um mal nunca vem só, no dia seguinte
cometi um erro básico que ainda hoje estou para perceber como foi.
Um dia depois da Lua cheia
é Lua quase cheia, pensei eu, e resolvi ir fotografá-la para o meu segundo
posto de observação de luas favorito, o miradouro de Santa Eufémia. Só que…
enganei-me nas horas. Devo ter visto na net a hora do nascer da Lua em
Timbuctu.
Nem as fotos se aproveitaram. Aqui ficam
algumas e as restantes estão na minha página webPicasa.
https://picasaweb.google.com/104016268436238696301/201508NaRotaDeEstrelasEPlanetas